Sem cachorro

terça-feira, 11/setembro, 2007

O Boa Vida começa num lugar inusitado. Desde o fim de agosto, estou na Coréia do Sul, um dos países mais fascinantes que já conheci. Vou passar um mês aqui, numa “fellowship” para jornalistas da LG-Sangnam Press Foundation, uma fundação da Universidade Nacional de Seul (SNU).

Estou aqui há duas semanas. Posso dizer duas coisas sobre a culinária local:

1. A comida coreana é ótima.
2. Não, coreanos não comem cachorro.

Escrevo isso porque a primeira coisa que as pessoas dizem quando você fala que vai viajar para a Coréia é: “Noooossa, o que você vai comer? Vai passar fome? Beliscar um espetinho de poodle?”

E não é nada disso.

Cachorros são uma iguaria cada vez mais rara na Coréia. Encontrar um restaurante em Seul que venda esse prato, chamado de Bosintang (pronuncia-se “boshintang”, em coreano) é praticamente impossível. O costume de comer cachorro — na verdade é uma sopa de cachorro, com a carne ensopada num caldo quente com vegetais e especiarias — é restrito a algumas vilas do interior da Coréia. Só é praticado pelos mais velhos. E está fora de moda.

Segundo a tradição coreana, comer cachorro torna os homens mais viris. Vai saber… Mas o fato é que a Coréia é um país que está se internacionalizando, e comer cachorros é algo que não pega bem. Antes da Copa do Mundo de 2002, que aconteceu por aqui e no Japão, a Fifa fez um pedido formal para que o governo coreano tomasse providências contra o “abate cruel de cachorros”. Depois disso, o consumo da carne, que já vinha caindo, praticamente desapareceu.

Uma ressalva: os poucos coreanos que ainda comem cachorros não pegam os bichos na rua e os colocam na brasa. Cachorros “comestíveis” são criados especificamente para esse fim, em fazendas especializadas. Como os melhores bois que nós comemos quase todo dia. Sabe uma das raças bovinas de carne mais macia, a Red Angus? Existe um equivalente aqui na Coréia. É a raça Hwanggu, que é criada confinada e recebe alimentação específica, só com o propósito de ser abatida.

Bem, mas isso, como eu já falei, é raríssimo. No dogs here, OK?

8 Respostas to “Sem cachorro”

  1. Lincoln Says:

    Sempre vi com maus olhos o fato de se comer cachorros da Coréia do Sul, fico feliz que os coreanos tenham resolvido deixá-los em paz. Au au pra eles!

  2. andrea Says:

    eduardo… conte mais sobre Seul! pretendo ir um dia para a Coréia do Sul… Como eles são com os turistas? Falam inglês? A locomoção é fácil? Obrigada.


  3. Olá, Eduardo. Tudo certo?
    Também estou na Coréia. É a terceira vez que venho aqui para visitar minha namorada. Pois é, ela é coreana.
    Adoro a culinária local. Como demais quando estou aqui e ainda perco peso. A comida é mais leve e bastante saudável. Estômago e intestino funcionam melhor.
    Se ainda estiver por aqui, aproveite bem. Certamente terá histórias interessantes para contar. Como dica, tente passar uma noite numa sauna coreana (gimjilbang). Renderá um bom texto e muitas risadas.
    Abraço

  4. Graciela Says:

    Bem comer cachorro ou não é uma questão cultural, é estranho para agente do Brasil pois não temos esse costume, mais é muito bom saber que esse hábito está sendo deixado de lado.

  5. Volt Says:

    Queria muito conhecer a Ásia, deve ser fascinante, aproveite o momento, nem me imagino beliscando um cachorrinho… rsrs

  6. Cesar Irikawa Says:

    Oi Eduardo, também me formei em Jornalismo no final desse ano que passou, e também gostaria muito de visitar a Coréia um país que me fascina, gostaria de saber o que é preciso fazer e ter para ir pelo LG Fellowship.

  7. patricia Marques Says:

    Você ma deixou mais aliviada!!!! Amo cachorro e sou louca para conhecer a Coreia ,e realmente,sempre que falo a alguém que quero ir a Coreia eles falam comer cachorro!

    Pena que só conheci este site hoje!!!

    Obrigado pelo esclarecimento.

  8. Renato Says:

    Quando será que nós iremos deixar de ser hipócritas e parar tambem de comer bois, galinhas etc??????


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